Temporada Verão : acidentes por águas-vivas e caravelas

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Temporada Verão

Temporada Verão : acidentes por águas-vivas e caravelas

Águas-vivas (ou medusas) e caravelas são animais aquáticos simples e de vida livre que pertencem ao Filo Cnidaria, assim como as anêmonas e corais. Estes animais possuem um complexo ciclo de vida, sendo as águas-vivas a forma adulta, e os pólipos uma das fases intermediárias. Caravelas, porém, são agrupamentos de pólipos, não sendo águas-vivas verdadeiras. Os pólipos, que geralmente são sésseis, vivem fixados ao substrato.

Os cnidários são divididos em cinco Classes, estando as águas-vivas inseridas nas Classes Scyphozoa e Hydrozoa, e as caravelas na Classe Hydrozoa. As medusas da Classe Cubozoa são extremamente peçonhentas, estando incluídas nesta Classe as vespas-marinhas (Chironex fleckeri), responsáveis por diversos óbitos na região do Indo-Pacífico e as espécies Tamoya haplonema e Chiropsalmus quadrumanus, presentes no Brasil. No litoral brasileiro, as medusas que mais causam envenenamentos são a caravela Physalia physalis, a hidromedusas Olindias sambaquiensis, a cifomedusa Chrysaora lactea.

A maioria dos cnidários adultos apresentam tentáculos que contém células especializadas chamadas cnidócitos. Os tentáculos podem medir até 30 metros. Nestes cnidócitos estão localizadas uma organela secretória chamada cnidocisto, que é capaz de injetar peçonha, utilizada para a captura de presas e defesa do animal, sendo uma mistura de vários polipeptídeos que tem ações tóxicas e enzimáticas.

Um aumento súbito da população de cnidários em um local é chamado de afloramento de medusas (bloom). São fenômenos naturais, mas alguns fatores têm contribuído para um aumento desses afloramentos nas últimas décadas, como o aumento da temperatura das águas oceânicas e alterações dos ambientes praianos. Em um afloramento no verão 2011/2012 no litoral do Paraná causou a ocorrência de mais de 20.000 acidentes por uma espécie de água-viva (Chrysaora lactea), segundo dados coletados pelo Corpo de Bombeiros local. Outro fator importante no aumento de envenenamentos por cnidários no Sul do país é o aumento de turistas nos períodos de veraneio, que foi exponencial nos últimos vinte anos. Os surtos de envenenamentos no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são causados pelas medusas Olindias sambaquiensis e Chrysaora lactea, em surtos sempre causados por uma das duas espécies.

Os acidentes por águas-vivas e caravelas é o quadro clínico decorrente da ação das toxinas presentes nos tentáculos destes animais. Podem causar tanto efeitos tóxicos quando alérgicos.

SINAIS E SINTOMAS

O contato com tentáculos de cnidários podem causar ardência e/ou dor intensa no local, que podem durar de 30 minutos a 24 horas. Placas e pápulas urticariformes lineares aparecem precocemente, podendo dar lugar a necrose superficial, bolhas e necrose importante em cerca de 24 horas. A regressão pode causar máculas hipercrômicas que podem persistir no local por meses. Quando há absorção de doses maiores de peçonha (em crianças ou cnidários grandes, por exemplo) pode acontecer um quadro sistêmico, com cefaleia, mal-estar, náuseas, vômitos, espasmos musculares, febre, arritmias cardíacas. A gravidade depende da extensão da área comprometida.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico é clínico. O padrão linear edematoso é muito sugestivo, se acompanhado de dor aguda e intensa. Isso ocorre no momento do contato, a vítima sai do mar já com as marcas e a dor.

Os primeiros cuidados pedem que inicialmente sejam usadas compressas geladas (água do mar gelada ou cold packs. É importante que não seja utilizada água doce para lavagem do local da lesão, nem para aplicação das compressas geladas, pois a água doce pode piorar o quadro do envenenamento.

Em seguida deve-se realizar a remoção dos tentáculos aderidos à pele, que deve ser realizada de forma cuidadosa, preferencialmente com uso de pinça, lâmina ou mão enluvada e o local deve lavado abundantemente com ácido acético a 5% (vinagre, por exemplo), sem esfregar a região acometida. Essa medida inativa cnidócitos, impedindo envenenamento posterior, uma vez que as células continuam despejando seu conteúdo na pele. Os pacientes devem procurar assistência médica para avaliação clínica do envenenamento e, se necessário, realização de tratamento complementar. Acidentes graves têm indicação de atendimento de urgência.

PREVENÇÃO

Evite áreas onde há presença de águas-vivas e caravelas. Pergunte ao guarda-vidas sobre a presença destes animais no local. Alguns estados adotam uma bandeira lilás no posto do guarda-vidas como indicativo da presença de águas-vivas e caravelas. Outro indicativo da presença de cnidários é o avistamento destes animais na areia da praia;

  • Não toque nestes animais, mesmo mortos;
  • Ao caminhar na praia, procure utilizar calçado, evitando assim pisar em tentáculos de águas-vivas e caravelas;
  • Ao praticar mergulho, considere utilizar roupa de mergulho que cubra a maior parte possível da pele;
  • Lista de hospitais – acidentes com animais peçonhentos

Em caso de emergência, contate imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) ou o Corpo de Bombeiros (193).