Rio de Janeiro Carnaval 2022 : Paraíso do Tuiuti, Beija-Flor de Nilópolis e Viradouro definem samba-enredo

Desfile Unidos da Viradouro no Carnaval do Rio de Janeiro - temporadaverao.com

Temporada Verão : Carnaval no Rio de Janeiro

Rio de Janeiro Carnaval 2022 : Paraíso do Tuiuti, Beija-Flor de Nilópolis e Viradouro definem samba-enredo

As 12 escolas do Grupo Especial do Carnaval 2022 no Rio de Janeiro já definiram o samba-enredo

Paraíso do Tuiuti, Beija-Flor de Nilópolis e Viradouro ( campeã do desfile de 2020 – último realizado antes da pandemia) , definiram na sexta-feira (1°.10.21) o samba-enredo que será apresentado no desfile na Marquês de Sapucaí no Carnaval 2022 do Rio de Janeiro.

Paraíso do Tuiuti – “KA RÍBA TI YE – Que Nossos Caminhos se Abram”

O Tuiuti canta histórias de luta, sabedoria e resistência negra”, desenvolvida pelo carnavalesco Paulo Barros. A parceria vencedora é formada por Cláudio Russo, Moacyr Luz, Júlio Alves, Alessandro Falcão e W. Correia Filho. Luz. A escola de São Cristóvão vai abrir os desfiles da segunda-feira de carnaval.

Paraíso do Tuiuti – “KA RÍBA TI YE – Que Nossos Caminhos se Abram”

:: Autores: Moacyr Luz, Cláudio Russo, Aníbal, Píer, Júlio Alves e Alessandro Falcão

:: Intérpretes: Celsinho Mody e Nino do Milênio

Olodumarê mandou

Oxalá me conduzir pelo céu da liberdade

Me falou Orunmilá

Vai meu filho semear pelo mundo a humanidade

Nos caminhos de Exú

Me perdendo encontrei nua e crua essa verdade

Que a raiz do preconceito

Nasce do olhar estreito da cruel desigualdade

Sou alabê gungunando o tambor

Trago cantos de dor, de guerra e de paz

Pra ver secar todo pranto Nagô

E gritar por direitos iguais

Meu sangue negro que escorre no jornal

Inundou um oceano até a Pedra do Sal

Eh! Dandara!

A espada e a palavra eh!

Não vai ser escrava

Hei de ver noutras negras minas

Um baobá malê que nasceu do chão

Pra vencer a opressão com a força da melanina

Negro é cultura e saber

Ka Ri Ba Ti Yê caminhos de sol

Por onde Otelos, Estelas e Teresas de Benguela

Se fazem farol

Pra iluminar alafins

E morrer só de rir feito mil Benjamins

E Cantar! Cantar! Cantar…

A beleza retinta que veio de lá

E Cantar! Cantar! Cantar…

Pra Saudar O Meu Orixá

Ogunhiê! Okê Arô!

Laroyê! meu pai Kaô

Tem sangue nobre de Mandela e de Zumbi

Nas veias do povo preto do meu Tuiuti

Beija-Flor de Nilópolis – “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”

Beija-Flor escolheu a criação de J. Velloso, Léo do Piso, Beto Nega, Júlio Assis, Manolo e Diego Rosa que mostrará o enredo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”, desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada. A azul e branca de Nilópolis vai fechar o desfile no domingo de carnaval.

Beija-Flor de Nilópolis – “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”

:: Autores: J. Velloso, Léo do Piso, Beto Nega, Júlio Assis, Manolo e Diego Rosa

:: Intérprete: Neguinho da Beija-Flor

A nobreza da corte é de Ébano

Tem o mesmo sangue que o seu

Ergue o punho, exige igualdade

Traz de volta o que a história escondeu

Foi-se o açoite, a chibata sucumbiu

Mas você não reconhece o que o negro construiu

Foi-se ao açoite, a chibata sucumbiu

E o meu povo ainda chora pelas balas de fuzil

Quem é sempre revistado é refém da acusação

O racismo mascarado pela falsa abolição

Por um novo nascimento, um levante, um compromisso

Retirando o pensamento da entrada de serviço

Versos para cruz, conceição no altar

Canindé Jesus, ô Clara!!

Nossa gente preta tem feitiço na palavra

Do Brasil acorrentado, ao Brasil que escravizava

E o Brasil escravizava!!

Meu pai Ogum ao lado de Xangô

A espada e a lei por onde a fé luziu

Sob a tradição Nagô

O grêmio do gueto resistiu

Nada menos que respeito, não me venha sufocar

Quantas dores, quantas vidas nós teremos que pagar?

Cada corpo um orixá! Cada pele um atabaque

Arte negra em contra-ataque

Canta Beija Flor! Meu lugar de fala

Chega de aceitar o argumento

Sem senhor e nem senzala, vive um povo soberano

De sangue azul nilopolitano

Mocambo de crioulo: Sou eu! Sou eu!

Tenho a raça que a mordaça não calou

Ergui o meu castelo dos pilares de Cabana

Dinastia Beija Flor!

Viradouro – “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria!”

Viradouro do enredo “Não há tristeza que possa suportar tanta Alegria”, dos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon, escolheu o samba dos compositores Felipe Filósofo, Fabio Borges, Ademir Ribeiro, Devid Gonçalves, Lucas Marques e Porkinho. A Viradouro será a quinta escola a se apresentar no domingo de Carnaval.

Viradouro – “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria!”

:: Autores: Felipe Filósofo, Fabio Borges, Ademir Ribeiro, Devid Gonçalves, Lucas Marques e Porkinho

:: Intérprete: Zé Paulo Sierra

Amor, escrevi esta carta sincera

Virei noites à sua espera

Por te querer quase enlouqueci

Pintei o rosto de saudade e andei por aí

Segui seu olhar numa luz tão linda

Conduziu meu corpo, ainda

O coração é passageiro do talvez

Alegoria ironizando a lucidez

Senti lirismo, estado de graça

Eu fico assim quando você passa

A avenida ganha cor, perfuma o desejo

Sozinho te ouço se ao longe te vejo

Te procurei nos compassos e pude

Aos pés da cruz agradecer à saúde

Choram cordas da nostalgia

Pra eternidade, um samba nascia

Não perdi a fé, preciso te rever

Fui ao terreiro, clamei: obaluaê!

Se afastou o mal que nos separou

Já posso sonhar nas bênçãos do tambor

Amanheceu! Num instante já

Os raios de sol foram testemunhar

O desembarque do afeto vindouro

Acordes virão da Viradouro

Tirei a máscara no clima envolvente

Encostei os lábios suavemente

E te beijei na alegria sem fim

Carnaval, te amo, na vida és tudo pra mim

Assinado: um pierrot apaixonado

Que além do infinito o amor se renove

Rio de Janeiro, 5 de março de 1919